PEQUENAS OBRAS, GRANDES NEGÓCIOS
A informatização das agências bancárias abre um novo mercado para as empresas de construção.
Uma construtora paulistana, a Saneterra, está provando que nem só de grandes obras vive a industria de construção civil. Fundada há 23 anos, há 17 vem atuando no segmento de reformas de agências bancárias, um mercado tão discreto que muita gente nem sequer sabe que existe. Tendo como clientes bancos do porte de Bamerindus, Nacional e BMC, a Saneterra já tem em seu portfólio cerca de 160 obras de pequeno e médio porte em agências principalmente no Estado de São Paulo - já chegou a executar 9 obras em um único mês. O grau de especialização da empresa é tão grande que cerca de 70% do seu faturamento vem deste filão.
Este mercado é fruto da crescente informatização da rede bancária brasileira, adotada com vista à redução de custos e ao atendimento mais rápido dos clientes (ou seja, menos filas). Essa reengenharia geralmente implica implantação de front-lobbies (áreas de auto-atendimento), redução do número de guichês e aumento da área de trabalho do corpo gerencial, que tende a multiplicar-se. Em muitas agências, os gerentes passam de apenas um para quatro ou cinco. O modelo de nova agência é normalmente definida pelo banco, assim como as dimensões da área útil, a mobília e o número de funcionários. Mas é a Saneterra que cabe montar o layout, executar o projeto e as obras de reforma propriamente ditas.
Rapidez - Segundo o diretor da empresa, Douglas Formaglio, uma reforma de agência bancária deve pautar-se pela velocidade. "As agências não podem parar. O trabalho tem que ser feito à noite ou nos finais de semana", explica. "Muitas vezes, temos somente o sábado e o domingo para realizar o serviço." Ele acrescenta que é essencial também uma certa invisibilidade, já que os bancos geralmente não querem que os clientes percebam que a agência está em reforma. Isso exige uma logística apurada. Não pode jamais faltar material, a chuva não deve ser considerada empecilho, e a agência tem sempre de amanhecer imaculadamente limpa.
O trabalho é feito em etapas. Começa com a montagem da infra-estrutura elétrica, telefoôica e lógica (os cabos para o sistema informatizado). Pronta esta fase, passa-se para a transformação da agência, em um crescendo cada vez mais frenético: à colocação do piso segue-se a do carpete; à do carpete, a do mobiliário e finalmente é executada a limpeza. A Saneterra chega a empregar 80 trabalhadores em um único final de semana, a maior parte contratada por empreitada. Douglas Formaglio diz que é imprescindível também ter fornecedores e operários habituados a este tipo de trabalho.
Atualmente, a empresa executa o projeto de remodelação do posto de atendimento do Banco Nacional na fábrica da Asca Brown Bovery de Osasco - SP. Ali será instalado um front-lobby e o número de guichês será reduzido de oito para quatro. O espaço para os seis gerentes de atendimento também será aumentado. "É um posto maior que muitas agências", diz Formaglio, que não teme o esgotamento deste mercado: segundo ele, só no estado de São Paulo os grandes bancos têm de 500 a 600 agências ou postos de atendimento cada um, e o número de construtoras brasileiras voltadas para este segmento não é maior do que 20.
Não é por acaso que a Saneterra acaba de concluir a construção de sua nova sede, no bairro de Perdizes, bem maior do que a atual.